Saiba como o governo pretende salvar a Azul e a Gol com um pacote de R$ 7 bi
Azul e Gol, protagonistas dessa crise, estão no centro das discussões, mas o tratamento para cada uma delas será diferente.

🚨 Em um esforço para conter o risco de colapso de importantes companhias aéreas brasileiras, o governo federal está estruturando duas frentes de crédito que podem injetar até R$ 7 bilhões no setor.
Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), protagonistas dessa crise, estão no centro das discussões, mas o tratamento para cada uma delas será diferente, especialmente por conta do atual estágio financeiro em que se encontram.
Uma das principais iniciativas é a liberação de R$ 5 bilhões do Fnac (Fundo Nacional de Aviação Civil) para o financiamento de companhias que operam voos regulares no Brasil.
O projeto, aprovado pelo Congresso, prevê que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) seja o operador principal dos recursos, podendo ser acompanhado por bancos privados que assumam o risco da operação.
A medida, segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, tem potencial para reduzir os custos operacionais das empresas e, com isso, provocar a queda no valor das passagens.
Após a sanção presidencial, um Comitê Gestor será criado para definir os limites e critérios para liberação dos recursos. Estima-se que o Fnac conte hoje com aproximadamente R$ 8 bilhões em caixa, sendo parte destinada também a políticas públicas para aviação regional e sustentabilidade.
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Nova linha de crédito de R$ 2 bilhões deve socorrer a Azul
Paralelamente, o governo avalia outra linha de financiamento, desta vez por meio do FGE (Fundo de Garantia à Exportação), com foco específico na Azul.
A proposta pode liberar até R$ 2 bilhões por empresa, mas neste momento apenas a Azul deve ser contemplada.
A companhia enfrenta dificuldades em renegociar dívidas e, recentemente, captou R$ 600 milhões no mercado, abaixo da meta de R$ 900 milhões.
Essa operação, que envolve o FGE como garantia integral de risco, será estruturada como uma compra futura de combustível sustentável (SAF), permitindo o enquadramento como exportação.
A proposta será analisada pelo Cofig (Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações) , vinculado à Camex, em breve.
Essa linha de crédito é uma reedição de uma operação anterior autorizada em dezembro de 2023, que viabilizou US$ 200 milhões para a Azul custear manutenção de motores.
A Gol, na época, não participou da operação e, agora, está impedida de acessar essa linha por estar em recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o chamado Chapter 11.
Situação da Gol é mais delicada
✈️ A Gol, ao contrário da Azul, não poderá acessar os recursos do FGE por conta de seu processo de recuperação.
A empresa, no entanto, aderiu ao programa de regularização fiscal do governo no início do ano, renegociando quase R$ 5 bilhões em dívidas tributárias por apenas R$ 880 milhões, com pagamento parcelado em até dez anos.
Enquanto isso, o governo mantém uma postura mais cautelosa em relação a ações diretas.
Em evento recente no Rio de Janeiro, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que não há plano de socorro individual às companhias: “O governo pensa sempre no setor”, disse ele, reforçando que o Fnac estará disponível ainda no primeiro semestre de 2025.
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O que pode mudar com os novos financiamentos
Com a injeção de recursos públicos por meio do Fnac e do FGE, o cenário de recuperação para as companhias aéreas ganha novos contornos.
Para a Azul, o acesso a até R$ 2 bilhões via FGE, somado ao financiamento coletivo do setor por meio do Fnac, pode representar uma virada crucial na gestão da dívida e na melhoria da estrutura de capital.
A empresa, que recentemente enfrentou dificuldades para captar no mercado tradicional, teria margem para renegociar prazos, investir na malha aérea e melhorar a experiência dos passageiros — fatores que, na prática, ampliam a competitividade e a eficiência operacional.
Entre os analistas do setor, há expectativa de que esse novo fôlego financeiro possa permitir à Azul restabelecer a confiança do mercado, o que é essencial para futuras captações.
Se os recursos forem bem utilizados, há chance de a companhia retomar planos de expansão regional e aproveitar o crescimento da demanda interna impulsionado pela recuperação do turismo.
Já no caso da Gol, mesmo não podendo acessar diretamente a nova linha do FGE neste momento, o alívio fiscal recente — com a redução de uma dívida de quase R$ 5 bilhões para R$ 880 milhões — combinado ao possível acesso futuro ao Fnac, pode trazer um cenário mais estável no médio prazo.
A depender da aprovação dos critérios pelo Comitê Gestor do fundo, há expectativa de que a companhia também seja contemplada com linhas operacionais ou estruturadas em um segundo momento, desde que avance em seu processo de reestruturação.
Como os recursos podem ajudar a evitar um colapso do setor
💲 Os financiamentos são vistos como um mecanismo de estabilização, especialmente em um contexto de alta nos custos operacionais, variações no preço do combustível e instabilidade cambial.
Na prática, a liberação de crédito com garantias públicas reduz o risco das operações financeiras, o que torna mais viável para as empresas planejar, renegociar passivos e retomar investimentos.
Além disso, os recursos do Fnac poderão ser utilizados para ampliar a frota, modernizar aeronaves e ampliar a oferta de voos, o que contribui para a redução dos preços das passagens — uma demanda constante da população e um dos objetivos centrais do governo com a medida.

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